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As profecias de Nossa Senhora do Bom Sucesso

Leia mais:As profecias de Nossa Senhora do Bom SucessoAs profecias feitas por Nossa Senhora do Bom Sucesso, no século XVI, a respeito do nosso tempo, permaneceram esquecidas durante muito tempo, conforme ela mesma profetizou. A Virgem Maria apareceu à serva de Deus Madre Mariana de Jesus Torres, religiosa espanhola pouco conhecida, pela primeira vez, no dia 2 de fevereiro de 1594, em Quito, no Equador.

Apesar de desconhecida do grande público, a religiosa, que tem seu corpo incorrupto até hoje, viveu de forma extraordinária a sua vocação. A Madre Mariana, que teve uma vida mística e escondida, Nossa Senhora revelou acontecimentos que abalariam as estruturas da Igreja e da sociedade a partir do século XIX.

A Santíssima Virgem previu a desvalorização do sacramento do matrimônio e a corrupção da família: “Quanto ao sacramento do matrimônio, que simboliza a união de Cristo com a Igreja, será atacado e profanado em toda a extensão da palavra”. Leis iníquas serão impostas, com o objetivo de extinguir esse sacramento, facilitando a todos viver mal o matrimônio, propagando-se a geração de filhos malnascidos, sem a bênção da Igreja. O espírito cristão decairá rapidamente. A luz preciosa da fé se apagará até chegar a uma quase total e geral corrupção de costumes. “Acrescidos ainda os efeitos da educação laica, isto será motivo para escassearem as vocações sacerdotais e religiosas”. O espírito do mundo estará nos ambientes domésticos, as crianças se perderão e “o demônio se gloriará de alimentar com o requintado manjar do coração dos meninos”. Nesses tempos infelizes, não se encontrará mais a inocência infantil. “Desta forma, se perderão as vocações para o sacerdócio, e será uma verdadeira calamidade”.

Nossa Senhora do Bom Sucesso também profetizou a desvalorização e a perseguição dos sacerdotes: “O sagrado sacramento da ordem sacerdotal será ridicularizado, oprimido e desprezado, porque, neste sacramento, se oprime e conspurca (macula) a Igreja de Deus e a Deus mesmo, representado em Seus sacerdotes. O demônio procurará perseguir os ministros do Senhor de todos os modos e trabalhará com cruel e sutil astúcia para desviá-los do espírito de sua vocação, corrompendo a muitos deles”. Estes escandalizarão o povo cristão, farão recair sobre todos os sacerdotes o ódio dos maus cristãos e dos inimigos da Igreja Católica Apostólica Romana. Com este aparente triunfo de satanás, atrairão sofrimentos enormes aos bons pastores da Igreja e à excelente maioria de bons sacerdotes e ao Pastor Supremo e Vigário de Cristo na terra. O Santo Padre derramará secretas e amargas lágrimas na presença de Deus, pedindo luz, santidade e perfeição para todo o clero.

A Virgem Maria profetizou, para o nosso século, o descuido e o esquecimento do sacramento da unção dos enfermos: “Muitas pessoas morrerão sem recebê-lo — seja por descuido das famílias, seja por um mal entendido afeto para com seus enfermos, outros também por irem contra o espírito da Igreja Católica, impelidos pelo maldito demônio —, privando as almas de inumeráveis graças, consolos e força, para darem o grande salto do tempo à eternidade”.

A Mãe da Igreja também previu a propagação de várias heresias e que, “com o domínio delas, apagar-se-á nas almas a luz preciosa da fé, pela quase total corrupção dos costumes. Nesse período, haverá grandes calamidades físicas e morais, públicas e privadas”. Nesses tempos infelizes, o luxo desenfreado conquistará inúmeras almas frívolas e as perderá. “Quase não se encontrará inocência nas crianças nem pudor nas mulheres, e, nessa suprema necessidade da Igreja, calar-se-á aquele a quem competia a tempo falar”. Nesses dias, a atmosfera estará saturada do espírito de impureza, que como um mar imundo correrá pelas ruas, praças e lugares públicos com uma liberdade assombrosa. “Quase não haverá almas virgens no mundo. A delicada flor da virgindade, tímida e ameaçada de completa destruição, luzirá longe. Refugiando-se nos claustros, encontrará terreno adequado para crescer, desenvolver-se e viver sendo seu aroma o encanto de meu Filho Santíssimo e o para-raios da ira divina. Sem a virgindade seria preciso, para purificar essas terras, que chovesse fogo do céu”.

A Virgem Maria previu que, no nosso século, a falta de interesse dos ricos e a indiferença do povo de Deus serão causa de grande mal. Por desleixo e negligência, as pessoas detentoras de grandes riquezas assistirão com indiferença a opressão da Igreja, a virtude perseguida, a maldade triunfante, sem empregar santamente as riquezas na destruição do mal e na restauração da fé. A indiferença do povo fará com que se apague, gradualmente, o nome de Deus em seus corações, “aderindo ao espírito do mal, entregando-se, livremente, aos vícios e paixões”.

Em meio às dificuldades desses tempos difíceis, profetizados para a Igreja e para o mundo, Nossa Senhora fala da importância das comunidades religiosas: “Restarão as comunidades religiosas para sustentar a Igreja e trabalhar com valoroso e desinteressado empenho na salvação das almas, porque, nesse período, a observância da regra resplandecerá nas comunidades, haverá santos ministros do altar, almas ocultas e belas, nas quais meu Filho Santíssimo e eu nos deleitaremos, considerando as excelentes flores e frutos da santidade heroica”. Contra eles, a impiedade fará dura guerra, cumulando-os de difamações, calúnias e vexações para impedir-lhes o cumprimento do seu ministério. Mas esses santos ministros, como firmíssimas colunas, permanecerão inabaláveis. Eles enfrentarão a tudo com “espírito de humildade e sacrifício com que serão revestidos em virtude dos méritos infinitos de meu Filho Santíssimo, que os ama como as fibras mais delicadas de Seu santíssimo e terníssimo coração”.

Essas profecias de Nossa Senhora do Bom Sucesso retratam o estado das coisas, a heresia, a impiedade e a impureza presentes em nosso tempo. Mas, além dessas e outras revelações, a Virgem Maria prometeu o seu socorro e a sua proteção para aquelas pessoas que propagassem a devoção a ela com o título de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Por isso, propaguemos essa devoção, que ficou durante muito tempo esquecida, mas que, em nosso tempo, se torna mais conhecida e a sua mensagem muito atual.

Confiemos a Nossa Senhora do Bom Sucesso as nossas orações pelas famílias, especialmente pelas crianças, pelos sacerdotes, religiosos e religiosas, pelos governantes, pelas pessoas detentoras de poder. Para que haja o triunfo do seu Imaculado Coração, também profetizado por ela, precisamos nos unir a Virgem Mãe de Deus com nossas orações, jejuns, penitências, reparações, como ela nos pediu em suas aparições.

Nossa Senhora do Bom Sucesso, rogai por nós!

Texto por: Natalino Ueda
Fonte: Canção Nova - diponivel em: http://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/as-profecias-de-nossa-senhora-do-bom-sucesso/
Foto disponivel em: http://www.salvemariaregina.info/SalveMariaRegina/SMR-155.html

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Qual o verdadeiro significado do escapulário?

Leia mais:Qual o verdadeiro significado do escapulário?Muitas pessoas utilizam o escapulário por modismo ou simplesmente porque outros o usam, mas qual é o verdadeiro significado dele?

Muitas pessoas usam o escapulário ou outros objetos de devoção sem saber o seu verdadeiro significado, pior ainda quando o usam como um amuleto, algo mágico que “dá sorte”, que livra de “mau olhado” ou coisa semelhante. Como se o verdadeiro sentido não viesse do coração daquele que usa tal objeto, o qual, conhecendo o seu verdadeiro significado, o usa para sinalizar algo que está em seu íntimo, em sua fé, em seus propósitos e em sua conversão. Muitos usam cruzes, medalhinhas, terços e vários escapulários de Nossa Senhora do Carmo como modismo, porque todo mundo está usando ou aquele artista usou na novela. Mas qual o verdadeiro significado do escapulário?

 

Qual o verdadeiro significado do Escapulario

O escapulário ou bentinho do Carmo é um sinal externo de devoção mariana, que consiste na consagração a Santíssima Virgem Maria, por meio da inscrição na Ordem Carmelita, na esperança de sua proteção maternal. O escapulário do Carmo é um sacramental. No dizer do Vaticano II, “um sinal sagrado, segundo o modelo dos sacramentos, por intermédio do qual significam efeitos, sobretudo espirituais, que se obtêm pela intercessão da Igreja”. (SC 60)

“A devoção do escapulário do Carmo fez descer sobre o mundo copiosa chuva de graças espirituais e temporais”. (Pio XII, 6/8/50).

A devoção ao escapulário de Nossa Senhora do Carmo teve início com a visão de São Simão Stock. Segundo a tradição, a Ordem do Carmo atravessava uma fase difícil entre os anos 1230-1250. Recém-chegada à Europa como nômade, expulsa pelos muçulmanos do Monte Carmelo, a Ordem atravessava um período crítico. Os frades carmelitas encontravam forte resistência de outras ordens religiosas para sua inserção. Eram hostilizados e até satirizados por sua maneira de se vestir. O futuro dos carmelitas era dirigido por Simão Stock, homem de fé e grande devoto de Nossa Senhora.

O escapulário era um avental usado pelos monges durante o trabalho para não sujar a túnica. Colocado sobre as escápulas (ombros), o escapulário é uma peça do hábito que ainda hoje todo carmelita usa. Com o tempo, estabeleceu-se um escapulário reduzido para ser dado aos fiéis leigos. Dessa forma, quem o usasse poderia participar da espiritualidade do Carmelo e das grandes graças que a ele estão ligadas; entre outras o privilégio sabatino. Em sua bula chamada Sabatina, o Papa João XXII afirma que aqueles que usarem o escapulário serão depressa libertados das penas do purgatório no sábado que se seguir a sua morte. As vantagens do privilégio sabatino foram ainda confirmadas pela Sagrada Congregação das Indulgências, em 14 de julho de 1908.

O escapulário é feito de dois quadradinhos de tecido marrom unidos por cordões, tendo de um lado a imagem de Nossa Senhora do Carmo, e de outro o Coração de Jesus, ou o brasão da Ordem do Carmo. É uma miniatura do hábito carmelita, por isso é uma veste. Quem se reveste do escapulário passa a fazer parte da família carmelita e se consagra a Nossa Senhora. Assim, o escapulário é um sinal visível da nossa aliança com Maria. É importante destacar algumas atitudes que devem ser assumidas por quem se reveste desse sinal mariano:

• Colocar Deus em primeiro lugar na sua vida e buscar sempre realizar a vontade d’Ele.
• Escutar a Palavra de Deus na Bíblia e praticá-la na vida.
• Buscar a comunhão com Deus por meio da oração, que é um diálogo íntimo que temos com Aquele que nos ama.
• Abrir-se ao sofrimento do próximo, solidarizando-se com ele em suas necessidades, procurando solucioná-las.
• Participar com frequência dos sacramentos da Igreja, da Eucaristia e da confissão, para poder aprofundar o mistério de Cristo em sua vida.

 

Texto* por: Padre Luizinho

Fonte: Canção Nova - Disponivel em: http://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/qual-o-verdadeiro-significado-do-escapulario/

Foto disponivel em: http://www.pontocbordados.com.br/2014/03/escapulario-carmelita-de-la-bordado.html

* texto adaptado.

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Como Maria foi sempre Virgem?

Leia mais:Como Maria foi sempre Virgem?A virgindade perpétua de Maria e a sua maternidade espiritual sobre toda a Igreja.

Maria de Nazaré, a Mãe de Jesus Cristo, foi sempre Virgem? Santo Agostinho ensina que a perfeita e perpétua virgindade de Maria é um privilégio em honra à Mãe e à dignidade do Filho. Em seus escritos, não se cansava de dizer que “Maria concebeu Cristo, virgem; deu-O à luz virgem; e virgem permaneceu”1. Mas responder essa questão se torna um grande desafio se temos a consciência de que a virgindade dela não é simplesmente um estado ou privilégio, mas um mistério de Cristo, não significa apenas o estado virginal da Mãe do Senhor, mas também, e principalmente, a concepção de Jesus em seu seio. Por isso a pureza de Maria pertence ao mistério de Cristo. A este respeito, Santo Inácio de Antioquia nos ensina que “a virgindade é a forma por meio da qual Maria pertence a Cristo”2.

No pensamento de Santo Agostinho, a pureza de Maria foi tão santa e agradável a Deus, não porque a concepção de Cristo a preservou, impedindo que fosse violada, mas porque, antes mesmo de conceber, “ela já a tinha consagrado a Deus e merecido, assim, ser escolhida para trazer Cristo ao mundo”3. Por isso, Maria perguntou ao Anjo da Anunciação: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?”4. Certamente, ela não teria dito isso se anteriormente não houvesse consagrado sua castidade a Deus. Nossa Senhora fez essa consagração antes de saber que seria a Mãe do Filho do Altíssimo5. Desse modo, ela já nos ensinava a “imitação da vida no Céu, em um corpo terrestre e mortal, em virtude de um voto e não de um preceito; e realizando-o por opção toda de amor, não por necessidade de obedecer”6.

A Igreja, à semelhança de Maria, é uma virgem desposada a um único Esposo, que é Jesus Cristo. Dessa forma, a Igreja toma como modelo a Mãe de seu Esposo e Senhor. “Pois, a Igreja, também ela, é mãe e virgem”7. Nossa Senhora deu à luz corporalmente a Cabeça do Corpo místico de Cristo, e a Igreja dá à luz espiritualmente os membros desse Corpo. Dessa forma, tanto em Maria quanto na Igreja, a virgindade não impede a fecundidade. Na Virgem Maria e na virgem Igreja, a fecundidade não destrói a castidade, pois a pureza da Igreja, semelhante à de Maria, está na integridade da fé, da esperança e da caridade. Estava no desígnio divino fazer germinar a virgindade no coração da Igreja, por isso, Cristo antecipou-a no corpo de Maria. A castidade de Maria e da Igreja estão intimamente ligadas ao Senhor Jesus. Consequentemente, “a Igreja não poderia ser virgem, se não tivesse por Esposo o Filho da Virgem, a quem se entrega”8.

A fé de nossos irmãos protestantes na divindade de “Jesus Cristo, concebido do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria”, é a mesma “fé da Igreja antiga, expressa em todas as suas liturgias que dão a Maria o título de ‘sempre virgem’, reconhecida com unanimidade pelas igrejas locais antes da ruptura do século XVI, reconhecida igualmente pelos primeiros reformadores”9. Contudo, com o passar do tempo, a mariologia dos protestantes distanciou-se bastante daquela dos primeiros reformadores. Isto se reflete nas atuais controvérsias bíblicas, por parte de alguns protestantes, sobre os irmãos de Jesus10, que põe em dúvida a virgindade perpétua da Mãe do Senhor. Ao contrário do que alguns pregam hoje, “os reformadores haviam compreendido o termo irmãos (adelphoi) no sentido de primos e pregaram com nuança sobre a virgindade perpétua de Maria”11.

Portanto, mais do que estado e privilégio, a virgindade perpétua de Nossa Senhora se insere no mistério de Cristo. A virgindade de Maria aponta para a sua entrega total ao desígnio de Deus e para a sua maternidade espiritual sobre toda a Igreja. Nesse sentido, a Virgem Mãe da Igreja é modelo para todos que consagram suas vidas a Jesus Cristo e ao anúncio do Evangelho. Pois, como a Mãe de Jesus, temos a vocação de virgem e mãe, pois a Igreja também é virgem e mãe. Em Maria, temos o modelo, por excelência, da virgindade e da maternidade que todos os cristãos, especialmente aqueles que livremente se consagram pelo voto de celibato, são chamados a exercer. Com Maria, aprendemos que a virgindade pura significa a integridade da fé, da esperança e da caridade, à qual todos nós somos chamados. Com ela, também aprendemos aquela maternidade espiritual que gera os verdadeiros irmãos de Cristo: aqueles que fazem a vontade do Seu Pai, que está nos céus12.

 

Texto por: Natalino Ueda

Fonte Cnção Nova - Disponivel em: http://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/dogma/como-maria-foi-sempre-virgem/

Foto: disponivel em: santateresinhapelotas.blogspot.com

 

Bibliografia

1. SANTO AGOSTINHO. A Virgem Maria: cem textos marianos com comentários. São Paulo: Paulus, 1996, p. 11.
2. GARCIA PAREDES, Jose Cristo Rey. Mariologia. 3ª ed. Madrid: BAC, 2009, Cf. Inácio de Antioquia, Ephs, 19,1: PG 5,660A; SC 10,88.
3. SANTO AGOSTINHO. Op. cit., p. 52.
4. Lc 1, 34.
5.Cf. Lc 1, 31-32.
6. SANTO AGOSTINHO. Op. cit., p. 52.
7. Idem, p. 49.
8. Idem, p. 93.
9. Idem, p. 161.
10. Cf. Mt 12, 46-50; cf. Mc 3, 31-35; cf. Lc 8, 19-21.
11. Idem, p. 127. Na língua hebraica do original bíblico a palavra irmãos, traduzida em grego por adelphoi, significa todos os primos e parentes.
12. Cf. Mt 12, 50.

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Encontramos Jesus na oração da Ave-Maria

Leia mais:Encontramos Jesus na oração da Ave-MariaO Rosário é um método simples para contemplar o rosto de Jesus com Maria

Contemplar o rosto de Jesus Cristo com a Virgem Maria é, antes de mais nada, recordar os mistérios do Filho, o Verbo de Deus humanado. Essa recordação deve ser entendida no sentido bíblico de memória, do hebraico zikaron, que atualiza as obras realizadas por Deus na história da salvação.

Fazer memória das obras do Senhor era comum na religião do povo de Israel, ao qual Nossa Senhora pertencia. Por isso, os mistérios de Cristo que lhe eram apresentados em termos quase incompreensíveis, “Maria os conservava, meditando-os no seu coração”1. Dessa forma, a Santíssima Virgem foi a primeira a fazer memória, a meditar profundamente os mistérios do Filho de Deus feito Homem, tornando-se para nós Mestra por excelência na contemplação do rosto de Cristo e de Seus santos e divinos mistérios.

A Bíblia, toda ela intimamente ligada à religião judaica, é a narração dos acontecimentos salvíficos, que culminam no memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Esses mistérios não constituem somente um “ontem”, não são apenas recordações de fatos do passado, mas se atualizam no “hoje” da salvação. Essa atualização se realiza de modo privilegiado na Liturgia da Santa Missa. O que Deus realizou, há quase dois mil anos, alcançou não somente as testemunhas diretas dos mistérios de Cristo, mas também, pelo dom da graça, os homens e mulheres de todos os tempos. Todavia, essa atualização não se limita à liturgia, mas acontece nas devoções que têm ligação com esses mistérios. “Fazer memória deles, em atitude de fé e de amor, significa abrir-se à graça que Cristo nos obteve com os seus mistérios de vida, morte e ressurreição”2.

A atualização, o memorial dos mistérios de Jesus Cristo têm, no terço mariano, sua expressão popular mais profunda. Desde tempos imemoriais, rezou-se e tornou-se cada vez mais conhecida e valorizada essa oração tão querida pelo povo de Deus. Sua grande popularidade se deve, principalmente, ao fato de o Rosário ser um método simples para contemplar o rosto de Jesus com Maria. Como método de oração, ele deve ser utilizado para seu verdadeiro fim, ou seja, a contemplação de Cristo, e não como fim em si mesmo. Considerando que o Rosário é fruto da experiência de devoção dos cristãos, há séculos, esse método não deve ser subestimado, pois estão a seu favor a experiência de inumeráveis santos, como São Domingos de Gusmão, São Luís Maria Grignion de Montfort, São Pio de Pietrelcina e São João Paulo II, que praticaram e ensinaram essa piedosa devoção com abundantes frutos espirituais.

A Ave-Maria é o elemento mais encorpado do Rosário, que faz dele uma oração mariana por excelência. Entretanto, o carácter mariano da Ave-Maria não se opõe ao cristológico, mas até o sublinha e exalta. A primeira parte da Ave-Maria, tirada das palavras dirigidas a Maria pelo Anjo Gabriel e por Isabel3, é a contemplação adoradora do mistério de Cristo, que se realiza na Virgem de Nazaré. Essas palavras exprimem a admiração do Céu e da Terra, e transparecem o encanto do próprio Deus ao contemplar a Sua obra-prima – a encarnação do Filho no ventre virginal de Maria –, que nos remete ao olhar contemplativo do Criador4, daquele primordial “pathos com que Deus, na aurora da criação, contemplou a obra das suas mãos”5. “A repetição da Ave-Maria no Rosário sintoniza-nos com esse encanto de Deus: é júbilo, admiração, reconhecimento do maior milagre da história”6. A recitação dessa oração é também o cumprimento da profecia de Maria: “ Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada”7.

O “centro de gravidade” da Ave-Maria, uma espécie de “dobradiça” entre a primeira e a segunda parte dessa oração, é o nome de Jesus. Numa recitação precipitada e desatenta, perdemos esse centro e também a ligação com o mistério de Cristo que contemplamos. Dessa forma, deixamos de colher preciosos frutos, pois “é pela acentuação dada ao nome de Jesus e ao Seu mistério que se caracteriza a recitação expressiva e frutuosa do Rosário”8. Nesse sentido, em algumas regiões costuma-se realçar o nome de Cristo, acrescentando, logo depois, uma passagem bíblica que recorda o mistério meditado9. Esse costume é muito louvável, especialmente na recitação pública do Rosário, e exprime, de forma intensa, a fé em Jesus Cristo, aplicada aos diversos momentos da Sua vida. Repetir o nome de Jesus, o único nome do qual se pode esperar a salvação10, juntamente com o nome de Maria, deixando que seja a Mãe a nos levar para o Filho, é um caminho de assimilação que nos faz penetrar cada vez mais profundamente na vida de Cristo. “Dessa relação muito especial de Maria com Cristo, que faz d’Ela a Mãe de Deus, a Theotókos, deriva a força da súplica com que nos dirigimos a Ela depois na segunda parte da oração, confiando à sua materna intercessão a nossa vida e a hora da nossa morte”11.

Assim, a contemplação do rosto de Jesus Cristo com a Virgem Maria é o memorial, a atualização dos mistérios da salvação no hoje da nossa vida. A atualização desses mistérios acontece de modo privilegiado na liturgia, na celebração da Eucaristia, memorial do mistério pascal de Cristo, da Sua Paixão, Morte e Ressurreição. A atualização se dá também naquelas devoções em que são contemplados os mistérios de Cristo. Entre essas devoções, brilha de modo inigualável o Rosário, no qual meditamos com a Virgem Maria os mistérios da nossa salvação. Nele, contemplamos com Maria o rosto humano de Deus. Por meio do Rosário, a Mãe de Deus nos leva ao seu Filho, para contemplarmos Sua face e fazer a Sua vontade: “Fazei o que ele vos disser”12. Por fim, pela oração do Rosário nos confiamos à materna intercessão da Virgem Mãe de Deus junto ao seu amado Filho Jesus Cristo.

Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!

Texto por: Natalino Ueda
Fonte: Canção Nova - Disponivel em:http://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/o-centro-da-ave-maria-e-jesus/

 Referências:

1. Lc 2, 19; cf. 2, 51.
2. PAPA JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 13.
3. Cf. Lc 1, 28.42.
4. Cf. Gn 1, 31
5. PAPA JOÃO PAULO II. Carta aos Artistas (4 de Abril de 1999), 1: AAS 91 (1999), 1155.
6. PAPA JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 33.
7. Lc 1, 48.
8. PAPA JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 33.
9. Cf. PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica Marialis cultus, 46.
10. Cf. At 4, 12.
11. PAPA JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 33.
12. Jo 2, 5.

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O significado de cada parte da Ave-Maria

Leia mais:O significado de cada parte da Ave-MariaCada parte da oração da Ave-Maria tem um significado baseado nas Sagradas Escrituras e na Tradição

A Ave-Maria é uma das orações mais queridas do povo católico. É a mais antiga oração que conhecemos dirigida a Nossa Senhora, nossa Mãe, Mãe de Jesus, Mãe da Igreja. Ela está na própria Bíblia, revelação de Deus.

Na Anunciação, o Anjo a saudou: “Ave, cheia de graça”. Maria foi a única que achou graça diante de Deus, porque foi a única “concebida sem o pecado original”. Nas aparições a Santa Catarina Labouré, na França, em 1830, ela pediu que fosse cunhada o que ficou sendo chamada de “Medalha milagrosa”. Em letras de ouro, Catarina viu escrita a bela frase: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”.

“O Senhor é convosco”, disse-lhe o Arcanjo Gabriel. Maria tem uma intimidade profunda com Deus. Diz o nosso Catecismo que “desde toda eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, ‘uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria’ (Lc 1,26-27)”. Ela é Filha do Pai, é a Mãe do Filho, e é a Esposa do Espírito Santo. Está em plena unidade com a Santíssima Trindade. Numa única mulher Deus tem Mãe, Filha e Esposa.

“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42). Foi assim que Santa Isabel saudou a Virgem, “em alta voz” e “cheia do Espírito Santo”. E o menino João Batista estremeceu em seu seio. Isabel deixou claro por que Maria é “bendita entre todas as mulheres”: “Donde me vem a honra de vir a mim a Mãe do meu Senhor?” (v.43). E Isabel completa: “Bem-aventurada és tu que creste…” (v.44).

O bendito fruto do seu ventre é o próprio Deus, Filho de Deus, encarnado em seu seio virginal: Jesus. Ela é a Mãe de Deus. Quando o herege Nestório, patriarca de Constantinopla, quis negar essa verdade, o povo se revoltou, e o Concílio de Nicéia, em 431, confirmou a maternidade divina de Maria: (Theotókos). “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48), por isso a piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão.

Depois de saudar a Virgem Maria, Mãe de Deus, com essas palavras que desceram do céu, a oração da Ave-Maria nos leva a implorar as graças do Senhor pela intercessão daquela a quem Deus nada pode negar.

“Santa Maria, Mãe de Deus”. O que não consegue a Mãe do Altíssimo? O que não pode conseguir, diante do trono da graça, aquela que é Sua Mãe, Esposa e Filha? O milagre das Bodas de Caná (João 2) diz tudo, mostra o grande poder intercessor da Mãe diante do Filho. Por isso, a Igreja sempre nos ensinou: “Peça à Mãe que o Filho atende!”. O bom filho nada nega à sua mãe, por isso São Bernardo de Claraval, doutor da Igreja, a chamava de “Onipotência suplicante”. Consegue tudo, por graça, o que Deus pode por natureza.

E nós pecadores lhe imploramos: “Rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte”. Consegue do Rei os grandes benefícios aqueles que estão perto d’Ele, aqueles que têm intimidade com Ele. Quem mais do que Maria tem intimidade com Deus? Quantas pessoas me pedem para mediar um pedido junto a monsenhor Jonas Abib, porque sabem que tenho intimidade com ele! O mesmo acontece com Deus. Esse é o poder da intercessão.

A Mãe Santíssima diante do seu Filho roga por nós sem cessar. Disse o Concílio Vaticano II que “assunta aos céus (…), por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. (…) Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora, protetora e medianeira.” (n.969).

“A missão materna de Maria em favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui a mediação única de Cristo; pelo contrário, até ostenta sua potência, pois todo o salutar influxo da bem-aventurada Virgem (…) deriva dos superabundantes méritos de Cristo, baseia-se em sua mediação, dela depende inteiramente e dela aufere toda a sua força.” (n.970)

A nossa Mãe roga por nós a cada momento, mesmo que não tenhamos consciência disso; especialmente protege aqueles que lhe são consagrados fervorosamente. De modo especial, defende-nos na hora da morte. Quantas almas a Virgem Maria salva na hora da morte! Especialmente aqueles que lhe são consagrados. São Bernardo dizia que não é possível que se perca um bom filho de Maria. Por isso, pedimos insistentemente que ela rogue por nós, sobretudo na hora decisiva de nossa morte. Quando rezamos o Santo Rosário, a ela oferecemos rosas espirituais que ela leva a Deus por nós. Ela não as retém para si, pois o rosário é a meditação de toda a vida de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Autor: Prof. Felipe Aquino


Fonte: Canção Nova. Disponivel em:http://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/o-significado-de-cada-parte-da-ave-maria/

Foto: disponivel: http://mccsetorcabofrio.blogspot.com.br/2012_05_01_archive.html