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Os 10 mandamentos do Casal

Leia mais:Os 10 mandamentos do CasalUma equipe de psicólogos e especialistas americanos, que trabalhava em terapia conjugal, elaborou "Os Dez Mandamentos do Casal". Gostaria de analisá-los aqui, já que trazem muita sabedoria para a vida e felicidade dos casais. É mais fácil aprender com o erro dos outros do que com os próprios.

1. Nunca irritar-se ao mesmo tempo.

A todo custo evitar a explosão. Quanto mais a situação é complicada, mais a calma é necessária. Então, será preciso que um dos dois acione o mecanismo que assegure a calma de ambos diante da situação conflitante. É preciso convencermo-nos de que na explosão nada será feito de bom. Todos sabemos bem quais são os frutos de uma explosão: apenas destroços, morte e tristeza. Portanto, jamais permitir que a explosão chegue a acontecer. D. Helder Câmara tem um belo pensamento que diz: "Há criaturas que são como a cana, mesmo postas na moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura...".

2. Nunca gritar um com o outro.

A não ser que a casa esteja pegando fogo. Quem tem bons argumentos não precisa gritar. Quanto mais alguém grita, menos é ouvido. Alguém me disse certa vez que se gritar resolvesse alguma coisa, porco nenhum morreria... Gritar é próprio daquele que é fraco moralmente, e precisa impor pelos gritos aquilo que não consegue pelos argumentos e pela razão.

3. Se alguém deve ganhar na discussão, deixar que seja o outro.

Perder uma discussão pode ser um ato de inteligência e de amor. Dialogar jamais será discutir, pela simples razão de que a discussão pressupõe um vencedor e um derrotado, e no diálogo não. Portanto, se por descuido nosso, o diálogo se transformar em discussão, permita que o outro "vença", para que mais rapidamente ela termine. Discussão no casamento é sinônimo de "guerra", de luta inglória. "A vitória na guerra deveria ser comemorada com um funeral"; dizia Lao Tsé. Que vantagem há em se ganhar uma disputa contra aquele que é a nossa própria carne? É preciso que o casal tenha a determinação de não provocar brigas; não podemos nos esquecer que basta uma pequena nuvem para esconder o sol. Às vezes uma pequena discussão esconde por muitos dias o sol da alegria no lar.

4. Se for inevitável chamar a atenção, fazê-lo com amor.

A outra parte tem que entender que a crítica tem o objetivo de somar e não de dividir. Só tem sentido a crítica que for construtiva; e essa é amorosa, sem acusações e condenações. Antes de apontarmos um defeito, é sempre aconselhável apresentar duas qualidades do outro. Isso funciona como um anestésico para que se possa fazer o curativo sem dor. E reze pelo outro antes de abordá-lo em um problema difícil. Peça ao Senhor e a Nossa Senhora que preparem o coração dele para receber bem o que você precisa dizer-lhe. Deus é o primeiro interessado na harmonia do casal.

5. Nunca jogar no rosto do outro os erros do passado.

A pessoa é sempre maior que seus erros, e ninguém gosta de ser caracterizado por seus defeitos. Toda vez que acusamos a pessoa por seus erros passados, estamos trazendo-os de volta e dificultando que ela se livre deles. Certamente não é isto que queremos para a pessoa amada. É preciso todo o cuidado para que isto não ocorra nos momentos de discussão. Nestas horas o melhor é manter a boca fechada. Aquele que estiver mais calmo, que for mais controlado, deve ficar quieto e deixar o outro falar até que se acalme. Não revidar em palavras, senão a discussão aumenta, e tudo de mau pode acontecer, em termos de ressentimentos, mágoas e dolorosas feridas. Nos tempos horríveis da "guerra fria", quando pairava sobre o mundo todo o perigo de uma guerra nuclear, como uma espada de Dâmocles sobre as nossas cabeças, o Papa Paulo VI avisou o mundo: "a paz impõe-se somente com a paz, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade". Ora, se isto é válido para o mundo encontrar a paz, muito mais é válido para todos os casais viverem bem. Portanto, como ensina Thomás de Kemphis, na Imitação de Cristo, "primeiro conserva-te em paz, depois poderás pacificar os outros". E Paulo VI, ardoroso defensor da paz, dizia: "se a guerra é o outro nome da morte, a vida é o outro nome da paz". Portanto, para haver vida no casamento, é preciso haver a paz; e ela tem um preço: a nossa maturidade.

6. A displicência com qualquer pessoa é tolerável, menos com o cônjuge.

Na vida a dois tudo pode e deve ser importante, pois a felicidade nasce das pequenas coisas. A falta de atenção para com o cônjuge é triste na vida do casal e demonstra desprezo para com o outro. Seja atento ao que ele diz, aos seus problemas e aspirações.

7. Nunca ir dormir sem ter chegado a um acordo.

"Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento" (Ef 4,26b). Se isso não acontecer, no dia seguinte o problema poderá ser bem maior. Não se pode deixar acumular problema sobre problema, sem solução. Já pensou se você usasse a mesma leiteira que já usou no dia anterior, para ferver o leite, sem antes lavá-la? O leite certamente azedaria. O mesmo acontece quando acordamos sem resolver os conflitos de ontem. Os problemas da vida conjugal são normais e exigem de nós atenção e coragem para enfrentá-los, até que sejam solucionados, com o nosso trabalho e com a graça de Deus. A atitude da avestruz, da fuga, é a pior que existe. Com paz e perseverança busquemos a solução.

8. Pelo menos uma vez ao dia, dizer ao outro uma palavra carinhosa.

Muitos têm reservas enormes de ternura, mas esquecem de expressá-las em voz alta. Não basta amar o outro, é preciso dizer isto também com palavras. Especialmente para as mulheres, isto tem um efeito quase mágico. É um tônico que muda completamente o seu estado de ânimo, humor e bem estar. Muitos homens têm dificuldade neste ponto; alguns por problemas de educação, mas a maioria porque ainda não se deu conta da sua importância. Como são importantes essas expressões de carinho que fazem o outro crescer: "eu te amo", "você é muito importante para mim", "sem você eu não teria conseguido vencer este problema", "a tua presença é importante para mim"; "tuas palavras me ajudam a viver"... Diga isto ao outro com sinceridade toda vez que experimentar o auxílio edificante dele.

9. Cometendo um erro, saber admiti-lo e pedir desculpas.

Admitir um erro não é humilhação. A pessoa que admite o seu erro demonstra ser honesta consigo mesma e com o outro. Quando erramos não temos duas alternativas honestas, apenas uma: reconhecer o erro, pedir perdão e procurar remediar o que fizemos de errado, com o propósito de não repeti-lo. Isto é ser humilde. Agindo assim, mesmo os nossos erros e quedas serão alavancas para o nosso amadurecimento e crescimento. Quando temos a coragem de pedir perdão, vencendo o nosso orgulho, eliminamos quase de vez o motivo do conflito no relacionamento, e a paz retorna aos corações. É nobre pedir perdão!

10. Quando um não quer, dois não brigam.

É a sabedoria popular que ensina isto. Será preciso então que alguém tome a iniciativa de quebrar o ciclo pernicioso que leva à briga. Tomar esta iniciativa será sempre um gesto de grandeza, maturidade e amor. E a melhor maneira será "não pôr lenha na fogueira", isto é, não alimentar a discussão. Muitas vezes é pelo silêncio de um que a calma retorna ao coração do outro. Outras vezes será por um abraço carinhoso, ou por uma palavra amiga.

Papa João Paulo II disse algo marcante: “O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se não o experimenta e se não o torna algo próprio, se nele não participa vivamente”. (RH,10)

Cântico dos Cânticos: "...o amor é forte como a morte... Suas centelhas são centelhas de fogo, uma chama divina. As torrentes não poderiam extinguir o amor, nem os rios o poderiam submergir." (Ct 8,6-7)

Há alguns casais que dizem que vão se separar porque acabou o amor entre eles. Será verdade?

Paul Claudel : "O amor verdadeiro é dom recíproco que dois seres felizes fazem livremente de si próprios, de tudo o que são e têm. Isto pareceu a Deus algo de tão grande que Ele o tornou sacramento."

“Sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja, seu corpo do qual ele é o salvador. Maridos, amai as vossas mulheres como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (EF 5,25)
 
Por: Pe. Crystian Shankar


Diponivel em: http://www.padrechrystianshankar.com.br/novo/reflexoes/familia/177-os-10-mandamentos-do-casal


Foto disponivel em: https://www.google.com.br/search?q=10+mandamentos+do+casal+chrystian+shankar&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=DR__VMDRGfOasQTi24HYDQ&ved=0CAgQ_AUoAg&biw=933&bih=428#tbm=isch&q=10+mandamentos+do+casal&imgdii=_&imgrc=tqX7deQhG7yzTM%253A%3BGGLNx8c1cY9iHM%3Bhttp%253A%252F%252Fparasemprenamorados.com.br%252Fwp-content%252Fuploads%252F2013%252F10%252F10-mandamentos1.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fparasemprenamorados.com.br%252Fos-10-mandamentos-do-casal%252F%3B1400%3B650

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Papa: sabedoria do cristão é não julgar os outros e acusar a si mesmo

Leia mais:Papa: sabedoria do cristão é não julgar os outros e acusar a si mesmoÉ fácil julgar os outros, mas seguimos adiante no caminho cristão somente se temos a sabedoria de acusar a si mesmo: foi o que disse o Papa retomando, após os exercícios espirituais, a celebração da Santa Missa na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano.

As leituras do dia estão centralizadas no tema da misericórdia. O Papa, recordando que "todos nós somos pecadores" - não "em teoria", mas na realidade -, indica "uma virtude cristã, ou melhor, mais do que uma virtude": "a capacidade de acusar a si mesmo". É o primeiro passo para quem deseja ser cristão:

"Todos nós somos mestres, somos doutores em justificar a nós mesmos:" Mas, não fui eu, não, não é culpa minha, mas sim, não foi tanto, eh ... As coisas não são assim ... '. Todos nós temos um álibi de explicação das nossas falhas, dos nossos pecados, e muitas vezes somos capazes de fazer aquela cara de "Mas, eu não sei', cara de, ‘Mas eu não fiz, talvez seja outro": fazer cara de 'inocente’. E assim se vai adiante na vida cristã”.

"É mais fácil culpar os outros" - observou o Papa -, mas "ocorre uma coisa de certo modo estranha" se tentamos nos comportar de maneira diferente: “quando começamos a olhar para o que somos capazes de fazer", no início, “nos sentimos mal, sentimos nojo”, depois isso “nos dá paz e saúde”. “Por exemplo - disse o Papa Francisco -, "quando eu encontro no meu coração uma inveja e sei que esta inveja é capaz de falar mal do outro e matá-lo moralmente", esta é a "sabedoria de acusar a si mesmo." "Se nós não aprendermos este primeiro passo da vida, nunca, nunca daremos passos no caminho da vida cristã, da vida espiritual":

"É o primeiro passo, para acusar a si mesmo. Sem dizer, não? Eu e a minha consciência. Vou pela rua, passo diante da prisão: "Eh, estes merecem isso" - "Mas você sabe que se não fosse pela graça de Deus, você estaria lá? Você pensou que você é capaz de fazer as coisas que eles fizeram, ou ainda pior?'. Isto é a acusar a si mesmo, não esconder a si próprio as raízes do pecado que estão em nós, as muitas coisas que somos capazes de fazer, mesmo se não se veem."

O Papa sublinha outra virtude: vergonhar-se diante de Deus, em uma espécie de diálogo em que reconhecemos a vergonha do nosso pecado e a grandeza da misericórdia de Deus:

"'A Vós, Senhor, nosso Deus, a misericórdia e o perdão. A vergonha a mim, e a Vós a misericórdia e o perdão". Este diálogo com o Senhor vai nos fazer bem nesta Quaresma: a acusação de si mesmo. Peçamos misericórdia. No Evangelho, Jesus é claro: "Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso". Quando se aprende a acusar a si próprio se é misericordioso para com os outros: "Mas, quem sou eu para julgar, se eu sou capaz de fazer coisas piores? '".

A frase: "Quem sou eu para julgar o outro" - disse o Papa - obedece precisamente à exortação de Jesus: "Não julguem, e vocês não serão julgados; não condem, e não serão condenados; Perdoem, e serão perdoados. Em vez disso - destacou -, "como gostamos de julgar os outros, fofocando sobre eles."

"Que o Senhor, nesta Quaresma - concluiu o Pontífice –, nos dê a graça de aprender a nos acusarmos", conscientes de que somos capazes "de fazer coisas más”, e dizer: "Tenha piedade de mim, Senhor, ajuda-me a envergonhar-me e dá-me a tua misericórdia, assim poderei ser misericordioso para com os outros” (BS/SP).


Foto: observatore Romano

Fonte: Radio Vaticano - Disponivel em: http://pt.radiovaticana.va/news/2015/03/02/papa_sabedoria_do_crist%C3%A3o_%C3%A9_n%C3%A3o_julgar_os_outros,_acusar-se/1126571

 

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15 DOENÇAS NA IGREJA

Leia mais:15 DOENÇAS NA IGREJADoença: Sentir-se Imortal: A doença de sentir-se ‘‘imortal’’, ‘‘imune’’ou mesmo ‘‘indispensável’’, descuidando os controles habitualmente necessários. Uma Igreja que não se autocrítica, não se atualiza, nem procura melhorar é um corpo enfermo. Uma normal visita ao cemitério poder-nos-ia ajudar a ver os nomes de tantas pessoas, algumas das quais talvez pensassem que eram imortais, imunes e indispensáveis! É a doença do rico insensato do Evangelho, que pensava viver eternamente (cf. Lc 12, 13-21), e também daqueles que se transformam em patrões, sentindo-se superiores a todos e não ao serviço de todos. Tal doença deriva muitas vezes da patologia do poder, do ‘‘complexo dos Eleitos’’, do narcisismo que se apaixona pela própria imagem e não vê a imagem de Deus gravada no rosto dos outros, especialmente dos mais frágeis e necessitados. O antídoto para esta epidemia é a graça de nos sentirmos pecadores e dizer com todo o coração: ‘‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’’(Lc 17, 10).

Doença Martismo: A doença do ‘‘martismo’’(que vem de Marta), da atividade excessiva, ou seja, daqueles que mergulham no trabalho, negligenciando inevitavelmente ‘‘a melhor parte’’: sentar-se aos pés de Jesus (cf. Lc 10, 38-42). Por isso, Jesus convidou os seus discípulos a ‘‘descansar um pouco’’(cf. Mc 6, 31), porque descuidar o descanso necessário leva ao stress e à agitação. O tempo do repouso, para quem levou a cabo a sua missão, é necessário, obrigatório e deve ser vivido seriamente: passar algum tempo com os familiares e respeitar as férias como momentos de recarga espiritual e física; é preciso aprender o que ensina Coélet: ‘‘Para tudo há um momento e um tempo par cada coisa’’(3,1).

Doença do empedernimento: Há também a doença do ‘‘empedernimento’’mental e espiritual, ou seja, daqueles que possuem um coração de pedra e uma ‘‘cerviz dura’’(Act 7, 51); daqueles que, à medida que vão caminhando, perdem a serenidade interior, a vivacidade e a ousadia e escondem-se sob os papéis, tornando-se ‘‘máquinas de práticas’’e não ‘‘homens de Deus’’(cf. Heb 3, 12). É perigoso perder a sensibilidade humana, necessária para nos fazer chorar com os que choram e alegrar-nos com os que estão alegres! É a doença daqueles que perdem ‘‘os sentimentos de Jesus’’(cf. Flp 2, 5-11), porque o seu coração, com o passar do tempo, se endurece tornando-se incapaz de amar incondicionalmente o Pai e o próximo (cf. Mt 22, 34-40). De fato, ser cristão significa ‘‘ter os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus’’(Flp 2, 5), sentimentos de humildade e doação, desprendimento e generosidade.

Doença da planificação excessiva e do funcionalismo: Quando o apóstolo planifica tudo minuciosamente e julga que, se fizer uma planificação perfeita, as coisas avançam efetivamente, torna-se um contabilista ou comercia lista. É necessário preparar tudo bem, mas sem nunca cair na tentação de querer conter e pilotar a liberdade do Espírito Santo, que sempre permanece maior e mais generosa do que toda a planificação humana (cf. Jo 3, 8). Cai-se nesta doença, porque ‘‘é sempre mais fácil e confortável acomodar-se nas próprias posições estáticas e inalteradas. Na realidade, a Igreja mostra-se fiel ao Espírito Santo na medida em que põe de lado a pretensão de O regular e domesticar – domesticar o Espírito Santo! – (…) Ele é frescor, criatividade, novidade’’.

Doença da má coordenação: Quando os membros perdem a sincronização entre eles e o corpo perde o seu harmonioso funcionamento e a sua temperança, tornando-se uma orquestra que produz ruído, porque os seus membros não colaboram e não vivem o espírito de comunhão e de equipe. Quando o pé diz ao braço: ‘‘Não preciso de ti’’; ou a mão à cabeça: ‘‘Mando eu’’, causando assim mal-estar e escândalo.

Doença do ‘‘alzheimer espiritual’’: O ‘‘alzheimer espiritual’’, ou seja, o esquecimento da ‘‘história da salvação’’, da história pessoal com o Senhor,  do ‘‘primitivo amor’’(Ap 2, 4). Trata-se de um progressivo declínio das faculdades espirituais, que, num período mais ou menos longo de tempo, causa grave deficiência à pessoa, tornando-a incapaz de exercer qualquer atividade autônoma, vivendo num estado de absoluta dependência dos seus pontos de vista frequentemente imaginários. Vemo-lo naqueles que perderam a memória do seu encontro com o Senhor; naqueles que não fazem o sentido deuteronómico da vida; naqueles que dependem completamente do seu presente, das suas paixões, caprichos e manias; naqueles que constroem em torno de si muros e costumes, tornando-se cada vez mais escravos dos ídolos que esculpiram com as suas próprias mãos.

Doença da rivalidade e da vanglória: Quando a aparência, as cores das vestes e as insígnias de honra se tornam o objetivo primário da vida, esquecendo as palavras de São Paulo: ‘‘Nada façais por ambição, nem por vaidade; mas, com humildade, considerem os outros superiores a vós próprios, não tendo cada um em vista os próprios interesses, mas todos e cada um exatamente os interesses dos outros’’(Flp 2, 3-4). É a doença que nos leva a ser homens e mulheres falsos e a viver um falso ‘‘misticismo’’e um falso ‘‘quietismo’’. O próprio São Paulo define-os ‘‘inimigos da cruz de Cristo’’, porque ‘‘gloriam-se da sua vergonha, esses que estão presos às coisas da terra’’(Flp 3, 18.19).

Doença da esquizofrenia existencial: É a doença daqueles que vivem uma vida dupla, fruto da hipocrisia típica do medíocre e do progressivo vazio espiritual que nem doutoramentos nem títulos acadêmicos podem preencher. Uma doença que acomete frequentemente aqueles que, abandonando o serviço pastoral, se limitam às questões burocráticas, perdendo assim o contacto com a realidade, com as pessoas concretas. Deste modo criam um mundo paralelo seu, onde põem de lado tudo o que ensinam severamente aos outros e começam a viver uma vida escondida e muitas vezes dissoluta. A conversão é muito urgente e indispensável para esta gravíssima doença (cf. Lc 15, 11-32).

Doença das bisbilhotices, das murmurações e das críticas: Desta doença, já falei muitas vezes, mas nunca é demais. Trata-se de uma doença grave, que começa de forma simples, talvez por duas bisbilhotices apenas, e acaba por se apoderar da pessoa fazendo dela uma ‘‘semeadora de cizânia’’(como satanás) e, em muitos casos, ‘‘homicida a sangue frio’’da fama dos próprios colegas e confrades. É a doença das pessoas velhacas que, não tendo a coragem de dizer diretamente, falam pelas costas. São Paulo adverte-nos: ‘‘Fazei tudo sem murmurações nem discussões, para serdes irrepreensíveis e íntegros’’(Flp 2, 14-15). Irmãos, livremo-nos do terrorismo das bisbilhotices!

Doença de divinizar os líderes: É a doença daqueles que fazem a corte aos Superiores, na esperança de obter a sua benevolência. São vítimas do carreirismo e do oportunismo, honram as pessoas e não Deus (cf. Mt 23, 8-12). São pessoas que vivem o serviço, pensando unicamente no que devem obter e não no que devem dar. Pessoas mesquinhas, infelizes e movidas apenas pelo seu egoísmo fatal (cf. Gal 5, 16-25). Esta doença poderia atingir também os Superiores, quando fazem a corte a algum dos seus colaboradores para obter a sua submissão, lealdade e dependência psicológica, mas o resultado final é uma verdadeira cumplicidade.

Doença da indiferença para com os outros: Quando cada um só pensa em si mesmo e perde a sinceridade e o calor das relações humanas. Quando o mais experiente não coloca o seu conhecimento ao serviço dos colegas menos experientes. Quando se teve conhecimento de alguma coisa e guarda-se para si mesmo em vez de compartilhá-la positivamente com os outros. Quando, por ciúmes ou por astúcia, se sente alegria ao ver o outro cair, em vez de levantá-lo e encorajar.

Doença da cara fúnebre: É das pessoas rudes e amargas que consideram que, para se ser sério, é preciso pintar o rosto de melancolia, de severidade e tratar os outros – sobretudo aqueles considerados inferiores – com rigidez, dureza e arrogância. Na realidade, muita vezes, a severidade teatral e o pessimismo estéril são sintomas de medo e insegurança de si mesmo. O apóstolo deve esforçar-se por ser uma pessoa gentil, serena, entusiasta e alegre, que transmite alegria onde quer que esteja. Um coração cheio de Deus é um coração feliz que irradia e contagia com a alegria todos aqueles que estão ao seu redor: disso nos damos conta imediatamente! Assim, não percamos aquele espírito jubiloso, bem-humorado e até auto irônico, que faz de nós pessoas amáveis, mesmo nas situações difíceis. Quanto bem nos faz uma boa dose de são humorismo! Far-nos-á muito bem recitar frequentemente a oração de São Tomás More. Eu rezo-a todos os dias; faz-me bem!

Doença do acumular: É quando o apóstolo procura preencher um vazio existencial no seu coração acumulando bens materiais, não por necessidade, mas apenas para se sentir seguro. Na realidade, nada de material poderemos levar conosco, porque ‘‘a mortalha não tem bolsos’’e todos os nossos tesouros terrenos – mesmo que sejam presentes – não poderão jamais preencher aquele vazio, antes torná-lo-ão cada vez mais exigente e profundo. A estas pessoas, o Senhor repete: ‘‘Dizes: “Sou rico, enriqueci e nada me falta” – e não te dás conta de que és um infeliz, um miserável, um pobre, um cego, um nu (...). Sê, pois, zeloso e arrepende-te’’(Ap 3, 17.19). A acumulação apenas torna pesado e retarda inexoravelmente o caminho! Vem-me ao pensamento uma anedota: Outrora os jesuítas espanhóis descreviam a Companhia de Jesus como a ‘‘cavalaria ligeira da Igreja’’. Lembro-me de um jovem jesuíta que mudava de casa e, ao carregar num caminhão os seus muitos haveres: malas, livros, objetos e presentes, ouviu um velho jesuíta, que o estava a observar, dizer para ele, com um sorriso sábio: E esta seria a ‘‘cavalaria ligeira da Igreja’’? As coisas que transportamos são um sinal desta doença.

Doença dos círculos fechados: É onde a pertença ao grupo se torna mais forte que a pertença ao Corpo e, nalgumas situações, ao próprio Cristo. Também esta doença começa sempre com boas intenções, mas, com o passar do tempo, escraviza os membros tornando-se um cancro que ameaça a harmonia do Corpo e causa um mal imenso – escândalos – especialmente aos nossos irmãos mais pequeninos. A autodestruição ou o ‘‘fogo amigo’’dos companheiros de armas é o perigo mais insidioso. É o mal que fere a partir de dentro; e, como diz Cristo, ‘‘todo o reino dividido contra si mesmo será devastado’’(Lc 11, 17).

Doença do lucro mundano: E a última: a doença do lucro mundano, dos exibicionismos, quando o apóstolo transforma o seu serviço em poder, e o seu poder em mercadoria para obter lucros mundanos ou mais poder. É a doença das pessoas que procuram insaciavelmente multiplicar o seu poder e, para isso, são capazes de caluniar, difamar e desacreditar os outros, inclusive nos jornais e revistas; naturalmente para se exibir e demonstrar-se mais capazes do que os outros. Também esta doença faz muito mal ao Corpo, porque leva as pessoas a justificar o uso de todo e qualquer meio contanto que alcancem tal fim, muitas vezes em nome da justiça e da transparência! Isto faz-me recordar um sacerdote que chamava os jornalistas para lhes contar – e inventar – coisas privadas e confidenciais dos seus confrades e paroquianos. Para ele, contava apenas aparecer nas primeiras páginas, porque deste modo sentia-se ‘‘forte e fascinante’’, causando tanto mal aos outros e à Igreja. Coitado!

Foto disponivel em:http://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/papa-francisco-que-mais-atualiza-que-muda-igreja-catolica-aponta-suas-doencas-24549/

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Cinzas que curam

Leia mais:Cinzas que curamChegou o tempo de nos revestirmos e nos recobrirmos de cinzas. No imaginário popular ou científico, cinza é algo desprezível, resto ou resíduo do que sobrou da combustão. E de fato, é isto mesmo. Como então um símbolo tão efêmero pode se tornar eloquente no cristianismo? A Bíblia contêm inúmeras narrativas do uso do pó e da cinzanão como cosméticos, mas como símbolos de arrependimento, conversão, sofrimento e humildade (Gn 18,27; 2Sm 13,19; Est 4,1; Jó 2,8; Dn 9,3; Mt 11,21).

 A cinza possui um significado terapêutico-espiritual muito forte para a comunidade católica, no início da quaresma: manifesta a busca contínua da reconstrução da unidade da vida. A ação simbólica (a cruz feita de cinza na cabeça ou na testa), acompanhada das palavras explicativas (“Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” ou “Convertei-vos e crede no Evangelho”) sinaliza a identificação do cristão a Jesus crucificado, a cruz que deve carregar e o caminho que terá de percorrer, ao longo da vida, particularmente na quaresma, em preparação para a Páscoa. São a penitência e a conversão que nos quer ensinar o gesto da cinza. A cinza então ocupará no rosto o lugar da máscara, da plástica e da maquiagem do carnaval e das outras marcas do dia-a-dia da vida. É, portanto, um sinal de Deus que se carrega na nossa fronte (Ap 7,3; 9,4; 14,1 e 22,4) para sinalizar a mudança de rota e de vida e recordar a fragilidade da vida humana, sujeita à morte.

Cinza, na “literatura” cristã, cura, purifica, liberta, salva, redefine o rumo e a meta da caminhada. Não há obrigatoriedade no uso da cinza. É opcional. O jejum, no entanto, é obrigatório para quem completou dezoito anos, até os sessenta anos começados. Mas se um cristão se sentir movido pelo Senhor a observar esta tradição católica, o importante é que o se faça sob a ótica bíblica. É bíblico se arrepender de atividades pecaminosas. É também bíblico o cristão se identificar com Jesus Cristo. Não é bíblico crer simplesmente que Deus vai automaticamente abençoar uma pessoa em resposta à observação de um ritual. Deus está interessado em nossos corações, não em que observemos rituais. Santo Agostinho resumiu bem este estado de vida: “Procurai o mérito, procurai a causa, procurai a justiça; e vede se encontrais outra coisa que não seja a graça de Deus”.

Em Nínive, diante da pregação de Jonas, o rei e seus súditos acreditaram, proclamaram um dia de penitência, se vestiram de saco e sentaram em cinza (cf. Jn 3,5-6). Estas atitudes e estes ritos supriram efeitos, foram eficazes, caíram nas graças de Deus, mudaram a vida. O Senhor já havia prometido isto: “quando eu trancar o céu e faltar chuva, quando mandar os gafanhotos para devorarem os campos, quando enviar a peste contra o povo, se então o povo, sobre o qual foi invocado meu nome se humilhar, orar, me procurar e se converter, de sua má conduta, eu escutarei do céu, lhe perdoarei o pecado e restituirei a saúde à terra” (2Cr 7,13-14).

Sem ser deselegante e inconsequente, sem querer quebrar os protocolos e as outras convenções sociais, a sociedade brasileira atual, diante de tantos escândalos e crise de governança, bem que podia adotar este mesmo ritual: se revestir e se recobrir de cinzas. Deixar de lado a operação “lava-jato”, para não desperdiçar água, e usar a cinza para a conversão social.

Portanto, como um produto que passa pelo fogo, tanto o cristão, como o cidadão,  passam pelas cinzas para a conversão pessoal e social. A cinza é a argamassa para a construção de um novo edifício espiritual e social.  Deus tem este plano, no recôndito do seu coração, relevado pelo profeta Isaías: “adorno em vez de cinzas, perfume de festa em vez de luto, ação de graça em vez de espírito abatido” (Is 61,3). Jesus Cristo veio ao mundo para realizar este seu plano de amor: curar os corações despedaçados pelas feridas dos escândalos e das injustiças sociais. Não importa o cargo que ocupa na escala ou a posição social e religiosa, o Senhor quer beleza espiritual por meio das cinzas que curam.

No Brasil, a quaresma está visceralmente associada à Campanha da Fraternidade. É ela que ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a caridade. Neste ano, o tema é: “Fraternidade, Igreja e Sociedade”, e o lema: “Eu vim para servir” (Cf. Mc 10,45).

 
Autoria: Dom Pedro Brito Guimarães - Arcebispo de Palmas (TO)
Fonte:CNBB - Diponivel em: http://www.cnbb.org.br/artigos-dos-bispos-1/dom-pedro-brito-guimaraes-1/15874-cinzas-que-curam

Foto: Disponivel em: http://www.perpetuosocorrobh.com.br/2015/02/quarta-feira-de-cinzas-horarios.html

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O que é o Credo?

Leia mais:O que é o Credo?Desde o início de sua vida apostólica, a Igreja elaborou o que passou a ser chamado de “Símbolo dos Apóstolos”, cujo nome é o resumo fiel da fé dos apóstolos de Jesus. Foi uma maneira simples e eficaz de a Igreja exprimir e transmitir a sua fé em fórmulas breves e normativas para todos. Em seus doze artigos, o ‘Creio’ sintetiza tudo aquilo que o católico crê. Este é como “o mais antigo Catecismo romano”. É o antigo símbolo batismal da Igreja de Roma.

O que é o credo

Os grandes santos doutores da Igreja falaram muito do ‘Credo’. Santo Ireneu (140-202), na sua obra contra os hereges gnósticos, escreveu: “A Igreja, espalhada hoje pelo mundo inteiro, recebeu dos apóstolos e de seus discípulos a fé num só Deus, Pai e Onipotente, que fez o céu e a terra (…). Essa é a doutrina que a Igreja recebeu; e esta é a fé, que mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com zelo e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa. E todos são unânimes em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração. Esta fé anuncia, ensina, transmite como se falasse uma só língua.  (Adv. Haer.1,9)

São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo e doutor da Igreja, disse: “Este símbolo da fé não foi elaborado segundo as opiniões humanas, mas da Escritura inteira, de onde se recolheu o que existe de mais importante para dar, na sua totalidade, a única doutrina da fé. E assim como a semente de mostarda contém, em um pequeníssimo grão, um grande número de ramos, da mesma forma este resumo da fé encerra, em algumas palavras, todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento (Catech. ill. 5,12)

Santo Ambrósio (340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja que batizou Santo Agostinho, mostra de onde vem a autoridade do ‘Símbolo dos Apóstolos’, e a sua importância:

“Ele é o símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela onde Pedro, o primeiro dos apóstolos, teve a sua Sé e para onde ele trouxe a comum expressão da fé” (CIC §194).”Este símbolo é o selo espiritual, a mediação do nosso coração e o guardião sempre presente; ele é seguramente o tesouro da nossa alma” (CIC §197). Os seus doze artigos, segundo uma tradição atestada por Santo Ambrósio, simbolizam com o número dos apóstolos o conjunto da fé apostólica (cf. CIC §191).
O símbolo da fé, o ‘Credo’, é a “identificação” do católico. Assim, ele é professado solenemente no dia do Senhor, no batismo e em outras oportunidades. Todo católico precisa conhecê-lo com profundidade.

Por causa das heresias trinitárias e cristológicas que agitaram a Igreja nos séculos II, III e IV, ela foi obrigada a realizar concílios ecumênicos (universais) para dissipar os erros dos hereges. Os mais importantes para definir os dogmas básicos da fé cristã foram os Concílios de Nicéia (325) e Constantinopla I (381). O primeiro condenou o arianismo, de Ário, sacerdote de Alexandria que negava a divindade de Jesus; o segundo condenou o macedonismo, de Macedônio, patriarca de Constantinopla que negava a divindade do Espírito Santo.

Desses dois importantes Concílios originou-se o ‘Credo’ chamado “Niceno-constantinopolitano”, o qual traz os mesmos artigos da fé do ‘Símbolo dos Apóstolos’, porém de maneira mais explícita e detalhada, especialmente no que se refere às Pessoas divinas de Jesus e do Espírito Santo.

Além desses dois símbolos da fé mais importantes, outros ‘Credos’ foram elaborados ao longo dos séculos, sempre em resposta a determinadas dificuldades ou dúvidas vividas nas Igrejas Apostólicas antigas. Um exemplo é o símbolo “Quicumque”, dito de Santo Atanásio (295-373), bispo de Alexandria; as profissões de fé dos Concílios de Toledo, Latrão, Lião, Trento e também de certos Pontífices como a do Papa Dâmaso e do Papa Paulo VI (1968).

O Catecismo da Igreja nos diz que: “Nenhum dos símbolos das diferentes etapas da vida da Igreja pode ser considerado como ultrapassado e inútil. Eles nos ajudam a tocar e a aprofundar, hoje, a fé de sempre por meio dos diversos resumos que dela têm sido feitos” (CIC § 193).

O Papa Paulo VI achou oportuno fazer uma solene Profissão de Fé no encerramento do “Ano da Fé” de 1968. O Papa Paulo VI quis colocá-lo como um farol e uma âncora para a Igreja caminhar nos tempos difíceis que vivemos, por entre tantas falsas doutrinas e falsos profetas, que se misturam sorrateiramente como o joio no meio do trigo, mesmo dentro da Igreja.

Paulo VI falou, na época, daqueles que atentam “contra os ensinamentos da doutrina cristã”, causando “perturbação e perplexidade em muitas almas fiéis”. Preocupava o Papa as “hipóteses arbitrárias” e subjetivas que são usadas por alguns, mesmo teólogos, para uma interpretação da revelação divina, em discordância da autêntica interpretação dada pelo Magistério da Igreja.

Sabemos que é a Verdade que nos leva à salvação (cf. CIC §851). São Paulo fala da “sã doutrina da salvação” (2 Tm 4,7) e afirma que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4); e “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15).

 

Autor: Professor Felipe Aquino
Fonte: Canção Nova. Diponivel em: http://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-que-e-o-credo/